domingo, 15 de dezembro de 2013

Conferências do Sharath: reflexões e sabedoria

Todos os domingos geralmente às 4h da tarde, todos os alunos se reúnem no shala para ouvir as palavras do Sharath.  Também é um momento que os alunos podem fazer perguntas  podendo tirar suas dúvidas sobre a prática. Na maioria das vezes, o shala está lotado. Todos vão se aglomerando dentro da sala e alguns minutos antes de iniciar, sempre há muitos encontros e conversas com os amigos de prática. Parece uma grande reunião em família.  Quando Sharath chega, o silêncio vai tomando conta do local e todos os olhos se voltam atentos à ele.
Alguns minutos de silêncio se instalam no local , até Sharath iniciar fazendo uma prece. Ele pára, olha a todos e começa falar sobre algum assunto. Geralmente ele cita um sutra de Patanjali ou um trecho do Bhagavad Gita ou Hatha Yoga Pradipka para iniciar aquilo que deseja ressaltar no dia.
O assunto que é sempre é abordado nas conferências, é a importância dos asanas, mas como eles devem ser utilizados corretamente na prática de yoga. Muitos vêm para cá com objetivo único de aprimorar sua prática de asanas e ganhar mais posturas... mas ele sempre enfatiza sempre que isso não é a prática e não é o mais importante. Ele ressalta essas palavras com muito bom humor: “Oh! Isto aqui não é uma academia de ginástica, vocês não estão aqui para malhar! Vocês estão aqui para trazer paz para si mesmos e saber quem realmente são!”
O caminho espiritual é o que realmente tem sentido: buscando a paz dentro de nós, percebendo quem somos de verdade. Todo esforço logicamente é necessário para chegar nesse caminho. Por isso precisamos estar ali todos os dias  lidando com as nossas dificuldades, medos e inseguranças  liberando as toxinas do corpo e mente e assim buscando o auto-conhecimento para ser cada dia uma pessoa melhor. 
Ele também sempre lembra alguma história da sua experiência pessoal na prática e lembra com muito carinho dos ensinamentos do seu avô e Guru Pattabhi Jois. Dá para ver em seu rosto quanto saudosismo e gratidão  que ele tem por ele. Geralmente as histórias nos fazem rir, pois ele sempre conta com muito humor como seu avô falava e agia.

Percebo que intuitivamente Sharath acaba sempre tocando num assunto que estávamos precisando ouvir naquele dia. Parece que ele escutou nossas conversas e dúvidas antes. Isso nos toca profundamente e nos faz refletir sobre assunto. Algumas vezes as palavras são tão profundas que  até nos deixam emocionados.
Depois de falar por alguns bons minutos, ele pergunta se alguém tem alguma dúvida. As perguntas são de inúmeros tipos. Muitos têm dúvida de como devem se alimentar, dormir ou manter sua prática. Algumas perguntas às vezes são bem confusas e Sharath responde com muita simplicidade.  
O que mais me impressiona a cada conferência que tenha assistido até hoje é que ele está cada vez melhor, mais maduro e com muita sabedoria. Quando o vejo falando, vejo a prática dentro dele, ele não fala porque decorou algum texto ou discurso, ele fala porque ele realmente pratica e vive o Yoga.  Como ele mesmo falou em uma das últimas conferências: “minha prática de yoga é meu batimento cardíaco”. Nessa horas seus olhos brilham de amor e devoção.
Por isso sinto que cada conferência é um presente divino. Todas aquelas reflexões se mantêm vivas em minha mente durante toda a semana e são elas que me inspiram a cada prática. 
Namaste!



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Segundo mês: aulas, ajustes e gratidão!



Já se passou um mês e como passou rápido! Tudo é tão intenso e tão profundo que nem percebi o tempo voar.  Depois deste tempo tudo começa a ficar mais fácil. O primeiro mês realmente é o momento de adaptação: fusorário, alimentação, acomodação, clima... enfim, o corpo e mente vão se acostumando e se adaptando dia-a-dia. No segundo mês já está tudo mais adaptado a rotina, as práticas começam fluir melhor e vamos nos tornando mais fortes.
Minha rotina aqui é bem tranquila , mas bem disciplinada. Acordo todos os dias mais ou menos duas horas antes da minha prática, tomo água morna com limão, vou ao banheiro, tomo banho e sento para meditar e entoar os sutras.
Vou para o shala bem cedinho e pratico por duas horas. Chegando em casa, tomo café da manhã e dependendo do dia da semana, vou para aula de chanting(cânticos). Alguns dos afazeres diários incluem também lavar roupa e arrumar o quarto. Na hora do almoço é um bom momento para encontrar os amigos e aproveitar para comer uma boa comida indiana. Depois, não tem como não parar em alguma loja para comprinhas... faz parte! No final da tarde, aproveito para me conectar com a familia e estudar um pouco. À noite, como algo bem leve, geralmente frutas  e vou dormir bem cedinho por volta das 7 ou 8h da noite.
Neste segundo mês, além disso tudo, tenho uma tarefa bem importante: estou sendo assistente nas aulas do Sharath. Estou muito feliz por estar tendo essa experiência aqui na India, mas sei também do grau de responsabilidade. Por isso,durante todo este mês estou acordando às 2:30 da manhã e indo para o shala ajustar de 4:30h às 6:30h. Depois continuo no shala para iniciar minha prática por volta das 7h. Tenho colocado toda a minha atenção e dedicação para isso agora . Aulas intensas com muitos alunos, mas muito gratificante.
Esta temporada também está sendo mais do que especial pois recebi a benção de ser autorizada a ensinar o método. Na verdade sei que tudo isso foi fruto de muito estudo e dedicação, mas para mim esta benção tem um valor muito mais do que burocrático. O valor de que devo continuar mantendo o meu sadhana, meu caminho espiritual, mantendo a minha prática e meu trabalho seguindo a tradição. Percebo que estar aqui na India, é um momento total de entrega e desapego. A responsabilidade de ter este mérito significa aumentar mais ainda o compromisso comigo mesmo.
Queria agradecer de coração a todos aqueles que admiram meu trabalho: aos meus alunos e amigos pelo carinho de sempre, à minha familia e meu esposo Marcelo que foi a pessoa que mais me incentivou e me apoiou para que eu realizasse mais esta conquista.
O caminho nesta longa estrada do yoga só esta apenas começando!
Gratidão! Om ! Paz!
Namaste!






terça-feira, 22 de outubro de 2013

Yoga do oriente e yoga do ocidente? Existe diferença?

                                                              
O yoga é uma filosofia originada na India há mais de 5 mil anos e que cada vez mais vem sendo disseminada por outros povos, paises e  introduzida em outras culturas. Seus conceitos são bem naturais para os indianos, pois ele já nascem tendo acesso a este universo. As escrituras hindus mais antigas são ensinadas e lidas para as crianças que, desde cedo vêem seus pais fazendo puja( oferenda),cantando mantras para seus deuses e meditando. Para o indiano “yoga”ja é espiritual, é seu encontro com Deus e esse Deus está presente em todas as coisas e dentos de cada um.
Ao longo dos anos esta filosofia e estilo de vida foi crescendo e sendo passada de mestre a discípulo sucessivamente até chegar nos dias de hoje. Muitos ocidentais foram para India receber os ensinamentos e muitos mestres começaram a visitar outros paises difundindo mais ainda a cultura.
Se o yoga veio da India e foi passada para ocidente, sera então que existe diferença? Não! Yoga é yoga está em qualquer lugar, pois yoga está dentro de nós. Quem vê esta dualidade, ainda não percebeu o seu real sentido.
O que realmente acontece, é que nascemos em outra cultura e com outros valores. Para entender o seu significado , podem  haver algumas questões e dúvidas no início, pois precisamos quebrar alguns pradrões e condicionamentos já existentes.
A prática do hatha yoga nos ajuda a entender melhor este processo, pois conseguimos acessar em primeiro momento o que temos de mais visível que é o nosso corpo. Através do corpo, vamos adquirindo uma maior consciência, observando melhor nossos processos mentais até chegar aos níveis mais sutis. Este processo de conhecimento pode levar uma vida toda. As transformações internas vão acontecendo gradativamente. Os asanas( posturas) são instrumentos de auto observação muito importantes que vão eliminando as impurezas do nosso corpo e mente para seguirmos no caminho.
Nos Yoga Sutras, uma das obras mais antigas da India, ja se falava da importância deste processo:
 “ yoganganusthanat asuddhiksaye jnnadiptih avivekakhyateh”II.28 .  Com uma prática dedicada nos vários aspectos do yoga, as impurezas vão sendo destruídas e a luz do conhecimento é revelada.
Algumas pessoas que não conhecem o yoga ou são iniciantes neste contexto, podem confundir e achar que yoga é somente prática de asanas ou julgar alguém ou a  prática meramente por uma postura bonita em alguma revista ou mídia. Meu professor Sharath diz:” Oh! Asanas! Se fosse só  pelo físico, seria mais fácil ir para uma academia.” Um asana difícil não qualifica nenhum praticante como um super yogue. O que vai qualifica-lo, é como ele vive o Yoga  através de suas atitudes morais e eticas( yamas e nyamas). Todos os aspectos do yoga estão envolvidos dentro de uma vida yogue.
Por outro lado,devemos lembrar que estas posturas foram e  ainda são realizadas como material de estudo e aprofundamento pessoal. Em algumas escrituras antigas, foram achados desenhos de asanas bem complexos. Krishnamacharya tem várias fotos e registros de muitos asanas e muitos deles bem difícies, assim como seus discipulos, Pattabhi Jois e Iyengar.  Será então que por causa disso, podemos achar que estas posturas não são importantes e que esses mestres não são yogues? Tudo depende da intenção e consciência que é feita e do conhecimento daquele que o realiza.
Pela minha própria experiência como praticante e devota desta filosofia, percebo que como é importante conhecermos as raízes tradicionais. O yoga antigo é o yoga moderno, yoga do oriente é o yoga do ocidente. Não existe diferença, os asanas são os mesmos, os estudos e cânticos são os mesmos.  Tudo vai depender da forma como será passada. Por isso é importante ter uma linhagem e alicerce com base na tradição pura!
Namaste!









segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Segunda semana de aulas e conferência

                                


Já estamos na segunda de semana de aulas. Voltamos então a nossa rotina de prática normal. Ontem, domingo, teve a primeira aula guiada da série intermediária, para aquele alunos que já fazem a série aqui. Depois de mais de 1 semana sem praticá-la e juntando com  a viagem, fusorario... bateu um certo receio... Esta aula nao é fácil, não! Requer muita disciplina e atenção, pois são posturas mais complexas e que o Sharath exige mais permanência e controle. Ufa! Mas a sensação depois de praticá-la, foi maravilhosa e percebi depois que todo esforço valeu a pena!
Na parte da tarde, tivemos conferência com Sharath, isso acontece geralmente todos os domingos. Neste momento, ele fala sobre algum assunto da prática e também é aberto para os alunos fazerem perguntas e tirar dúvidas. É muito bom ouvir suas palavras. Intuitivamente ele acaba tocando em algum assunto que precisamos mais ouvir. No final da conferência,  sempre tenho as respostas e inspirações sem precisar fazer nenhuma pergunta.
Ele iniciou falando que nos dias de hoje, muitas pessoas vem para Mysore para estudar. Tudo isso se deve a seu avô, Sri K.Pattabhi Jois que fundou o Astanga Yoga Nilayam, também chamado de Astanga Yoga Research Institute,  em 1946. Antes disso, o ashtanga yoga não era popular, ninguém sabia o que era ashtanga yoga. Na época tinham 5 ou 6 institutos de Yoga mais conhecidos . Então, Guru Ji trouxe mais conhecimento para os seus alunos sobre o AstangaYoga; os oito passos do yoga. Mas o que significa a palavra “research” neste contexto? Research, que significa pesquisa,é a pesquisa que é feita dentro de cada um, através da prática pessoal. O laboratório de pesquisa não está fora, está dentro de nós. E como começa esta pesquisa? Ela começa através dos asanas( posturas), o asana é o primeiro passo para se atingir estabilidade no corpo e na mente. Por que devemos fazer então tantos asanas? “Porque o caminho não é tão fácil assim, se fosse tão fácil, todos nós ja seriamos pessoas iluminadas!”diz Sharath. O caminho requer muita dedicação e disciplina.
Os asanas para ter o seu real efeito ,devem vir juntos com os yamas e nyamas, que são as condutas éticas do Yoga. Esses três passos são essenciais para trazer alicerce à prática de yoga, que é uma prática espiritual. Através dos asanas, purificamos o corpo e a mente  e assim os outros passos vem automaticamente. Yamas , nyamas , asana e pranayama são práticas externas . Quando estas práticas são feitas com esforço e dedicação dentro de nós : prathyahara, dharana , dhyana e samadhi acontecem naturalmente. O real significado da prática de yoga, o que chamamos de estado de yoga, acontece internamente.  Esse esforço vem através do sadhana, que significa prática diária, mas na verdade significa muito mais do que isso, pois significa prática diária com dedicação, devoção e determinação. Só assim ela se torna verdadeiramente espiritual. Yoga é muita mais que fazer asanas ou ter algum certificado ou graduação. Yoga é auto transformação.  Como buscar esta auto transformação? Buscando ir cada vez mais fundo em sua prática. Ir fundo na prática não significa que você precise fazer asanas dificies, mas sim como este asana tem efeito no seu corpo e mente.  Com a prática diária de asanas vamos conseguindo ter um corpo e mente mais flexivel e saudável.  Se não temos um corpo saudável, como conseguir sentar para se concentrar e meditar? Impossível! A doença é um dos obstáculos da prática.  Os asanas vão purificando o corpo e eliminando as doenças.
Mantendo então a prática continuamente, vamos conseguindo manter o foco, ficando cada vez mais longe das distrações externas.  Com isso, vamos deixando nossa mente mais tranquila, forte e focada para então poder sentar e meditar por mais tempo.  Antes disso acontecer, devemos praticar muito e por um longo periodo de tempo para então conseguir esta estabilidade dentro nós.
Essas foram algumas palavras de sabedoria ouvidas na Conferência que gostaria de compartilhar com vocês Que assim possamos cada vez ir mais na fundo na nossa prática pessoal. Cada um dentrodo seu caminho, buscando a sua auto-transformação e liberdade
E assim sigo a semana praticando e vivendo o Yoga a cada dia! Boa semana para todos!
Namaste!




segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Para quê ter pressa?

                                    

Ontem, dia 06 de outubro, foi a abertura do shala e primeiro dia de aula. Fizemos aula guiada da primeira Série.  Que energia maravilhosa tem a sala de prática. Na hora que todos envocam o mantra não tem como não se arrepiar e junto vem a gratidão de estar ali novamente recebendo os ensinamentos. 
A aula guiada do Sharath é bem precisa e precisamos ter disciplina para acompanhá-la. Devemos estar totalmente atentos. É uma excelente aula para aprender o números de vinyasas de cada postura e buscar um ritmo contínuo de entrar e sair das posturas. Sharath algumas vezes durante a aula diz: Are you in a hurry??? ( voce esta com pressa?) Se referindo aos alunos que vão para próximo movimento sem ele ainda ter dado o comando.  A partir disso me veio esta reflexão: por que será que isso  acontece? Geralmente isso acontece porque a mente se desconecta e sai do momento presente. Percebo isso também quando uma aluno esquece uma postura ou algum vinyasa e ai eu ja pergunto: saiu da prática por alguns instantes, não e? E o aluno dá aquela pequena risada de que eu acertei...
Muitas acham que as séries do ashtanga tem apenas o benefício de purificar o corpo fisico, mas na verdade todas as posturas que fazemos, seguidas dos vinyasas( sincronização com o movimento) são ferramentas essencias para manter a mente estável e alerta.  Este é o primeiro passo, educar a mente para os próximos passos da prática. Como querer fazer pranayama ou meditar se ainda não temos  o controle do corpo, da respiração e das agitações da mente ? Por isso acredito que é importante seguir passo a passo sem querer pular etapas.
É natural do ser humano estar sempre com pressa e ansioso em aprender e conhecer algo a mais. Nos dias de hoje, então, pelo o tanto de informações que recebemos , estamos cada vez mais sem tempo e com pressa.  Sharath diz que os alunos chegam aqui , ele ensina uma postura nova e o aluno ja esta perguntando pela próxima e a proxima....  A postura em si é somente um processo de observação para buscar e entender algo mais profundo. Por isso é importante respeitar o seu tempo. Ao longo desses anos,  fui percebendo que dessa maneira, conseguimos ter mais maturidade e aprendizado na prática. Quanto menos ansiedade temos , melhor as coisas acontecem e isso não só na pratica física, pois todo este processo terá o reflexo em nossas vidas.
Por isso observe durante sua prática esses detalhes tão importantes. Perceba se existe alguma postura que possa te trazer alguma ansiedade e investigue este processo. Um bom exercicio é se colocar numa atitude de consciencia testemunha dos  pensamentos  e sentimentos que possam vir, sem se identificar com eles . Deixe que sua mente mantenha o foco na ação presente.
Quando praticamos com esta intenção, conseguimos buscar algo mais profundo e a sua prática se torna realmente espiritual. A sensação final é de profunda gratidão e plenitude!    
Namaste!





          De volta a Mae India

E aqui estou mais uma vez! Que sensação boa de retorno em tão pouco tempo. Estive aqui neste ano durante o mês de janeiro e fevereiro. Os acontecimentos da vida foram vindo até que eu decidisse fazer mais uma viagem a Mysore.Desta vez irei ficar por mais tempo, serão 2 meses e meio de estudos e práticas intensas.
Antes de viajar sempre fico num período de conflito: ao mesmo tempo querendo ir, mas tambem querendo ficar...
Não é facil deixar as pessoas que amo por muito tempo... Confesso que dá um aperto no coração, mas que logo logo se dissolve quando embarco. Entrego ao universo acreditando que será mais um momento muito importante.
Quando eu estava escrevendo este post,  estava dentro do avião indo para Bangalore... Depois de 10h de viagem Rio/Paris, faltava pouco, exatamente 3:33h. Ufa! É longe, mas não me senti cansada... A alegria e satisfação de poder estar na India de novo e muito gratificante!  
Cheguei 23:45h e dormi em Bangalore. No outro dia a tarde encontrei minha amiga Laura e fomos juntas para Mysore.
Desta vez será bem especial pois estão varios amigos, pessoas queridas e mais brasileiros!
Ja sinto Mysore como a minha segunda casa. Ja conheço todos os arredores e os indianos da cidade me recebem sempre de braços abertos ! Como é bom voltar!
Já fiz meu registro no Shala e esta semana começam as aulas.
Espero poder nesta temporada contar mais novidades e curiosidades desta terrinha tão mágica!
Namaste!    
       

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013


                                                 Minha rotina de prática

Já se passaram duas semanas que estou em Mysore e como o tempo aqui passa rápido! Muitas novidades, muitas mudanças e muitos aprendizados.
A primeira semana é sempre de adaptação: fusorário, clima , novo lar, novos hábitos, comida diferente… enfim o corpo começa a sentir os efeitos da nova rotina e estranha um pouco. Mas isso é mais que normal como em qualquer viagem.
Em relação à pratica de asanas, na primeira semana  fiz somente a Primeira serie. Foram 7 dias para trazer aterramento para o corpo e mente. Em viagens, acabamos ficando muito vata(ar) Desequilibrio em vata nos deixa mais dispersos, com o corpo mais duro e orgãos da região do baixo ventre mais sensiveis . Resolvi entao fazer uma masagem abhyanga a 4 mãos para tirar as toxinas do corpo e deixa-lo mais relaxado.
Na segunda semana , ja me senti mais adaptada , fusorário em dia, e comecei a fazer a série até a onde eu parei da outra vez. Meu horário é as 10h, um pouco tarde para mim, mas comecei a ver o lado bom de estar praticando neste horário. Como os alunos vão terminando, me saindo, no final a sala fica mais vazia e o Sharath consegue te dar mais atenção. Percebo que aqui a conexao é muito mais intensa, não importa quantos asamas eu faço, mas sim como o realizo, a presença total e estabilidade na mente.  Como a sala é  muito cheia e tem muitas distrações,tento buscar mais atenção para dentro através do dristis, respiracao e bandhas. Chega um determinado momento que nada ao redor me importa e nesta hora sinto realmente o yoga presente.  
Além das aulas diárias de asanas, temos aulas de “Chanting”( canticos) três vezes por semana. Nesta aula aprendemos alguns mantras vedicos como Shatimantra e forma correta de falar os nomes das posturas e os números em sanscrito. É muito importante estar concentrado para realizar a pronuncia correta . A fonética do sanscrito é muito poderosa. E como fazer asanas! Presença total, se pensar em algo no meio, as palavras se perdem.  Como meu horário é mais tarde, ja saio da pratica direto para aula esta aul. Suada e sedenta mas cheia de enegia!
Segundas, quartas e sextas na parte da tarde, estou fazendo aula de sanscrito e Hatha yoga Pradhipka. Nas aulas de sanscrito aprendemos a ler e escrever em devanagri. É  bem interessante entender sobre esta lingua tão diferente da nossa, simbolos, sons  e regras tão particularese e tão interessantes. Após esta aula, iniciei esta semana as aulas de Yoga Sutras. Recitamos  os sutras a serem estudados e depois o professor incia a explicação. Percebo que mesmo ja tendo estudado e ouvido o mesmo assunto, a compreensão é sempre melhor e mais clara. É como ver um filme mais de uma vez que conseguimos perceber melhor cada detalhe.
Enfim, tenho tido dias bem produtivos de muito estudo e muita entrega. Chego aqui na terceira semana com um gostinho de querer aprender mais e mais neste vasto do mundo do yoga. Feliz de saber o quanto tenho para investigar e saber.
Namaste!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013


                                        De volta a Mysore! Reconectando e reconhecendo

Depois de ter passado final de ano maravilhoso em Santo Andre, Bahia, desfrutando de praticas de ashtanga e curtindo aquele paraiso de cidade, chega o momento de recolhimento e estudo.  Dificil deixar as pessoas que amo e praticar o desapego. Por outro lado , sei o quanto é importante estar aqui. Tenho percebido agora o quanto e necessário este tempo de recarregar as baterias, aprofundar os estudos e me tornar somente aluna.  Este tempo precioso, me dá forcas para continuar minha jornada dentro do yoga.
Enfim, Mysore! Que saudades eu estava deste lugar! Como explicar tanta saudade...  Chegando aqui , a princípio, tudo continua o mesmo.  Foram dois anos atras, mas parece que foi tao recente...Ando pelas ruas reconhecendo e relembrando cada momento da experiencia passada.
Chegando no Instituto para fazer a minha inscrição, percebi como algumas coisas mudaram... o mes de janeiro está lotado e meu horário de prática é as 10h! (Da outra vez cheguei nesta mesma data e meu horário era as 7.15h....) Tem mais pessoas vindo a Mysore... Pessoas de tudo quanto é lugar, Russia , Polonia, China, Japão, Austrália.... enfim uma mistura de raças e culturas.  
Uma coisa que realmente não mudou: a energia do shala. Que energia!  Colocar meu tapetinho e começar a praticar. Tudo flui tao rapido! Um misto de felicidade com saudade de estar ali.
A tarde resolvi fazer novamente o curso de Sanscrito e Bhagavad Gita. Como nao pratiquei nesse tempo no Brasil o que eu ja tinha aprendido, repeti o nivel 1, mas sempre é bom relembrar e ouvir de novo. 
Nesta vez compartilho a viagem com alguns companheiros, pessoas bem queridas , algumas que ja conhecia e outro que só conheci agora na viagem. Sinto-me feliz também de estar orientando a viagem e ajudando-os no que for preciso. A troca de experiências e a companhia é muito válida.
Enfim, aqui estou eu novamente feliz e agradecida por ter a oportunidade para retornar para esse lugar tão especial. Espero durante este tempo poder compartilhar mais novidades desta nova experiência.
Namaste!

quarta-feira, 25 de julho de 2012



                                          Karma Yoga : Praticando o Yoga da Verdade

“Visão da pratica segundo a Bhagavad Ghita”


Quando começamos a praticar yoga, muitas duvidas aparecem.Recebemos inúmeras instruções, como sentar, como fazer o melhor alinhamento no asana, respiração correta...alem de tudo isso, aparecem um turbilhão de pensamentos e emoções.Acabamos ficando preocupados com comandos e ações externas.Essa falta de habilidade e muito natural, pois naquele momento nos deparamos com a nossas dificuldades, medos e condicionamentos.  E agora como lidar com tudo isso?

"Arjuna diz:” O Krishna! Vendo aqui os meus parentes e amigos prontos a empenhar-se numa luta fratrecida, meus membros fraquejam, minha boca se resseca, todo meu corpo treme e meus cabelos se eriçam. Gandiva escapa-me das mãos,minha pele queima, não posso manter-me em pe, meus pensamentos formam um turbilhão, vejo sinistros presságios, `o Keshava!”(I:228,29,30)"

Parece uma missão quase impossível. Como Arjuna na Bhagavad Ghita,nos vemos de frente a um grande campo de batalha, desistir ou lutar? Krishna aconselha Arjuna a seguir o seu dharma e agir diante da situação que para ele e muito desconfortável.

“Assim,cortando com a espada do conhecimento a duvida nascida da ignorância e arraigada em tua alma, aplica-te ao Yoga. Levanta-te e luta-te, Bharata!”(IV:42)

Ao longo das praticas, descobrimos que todo aquele esforço e necessário, pois a partir dessa ação consciente, conseguimos sentir o que há por trás delas.Esse sentimento e simplesmente a percepção do ser que esta presente o tempo todo.A essa percepção denominamos de “sakshi”;a consciência testemunha que observa as reações do corpo e mente.

“ Eu nada faço deve pensar o devoto instruido na verdade quando vê,ouve,toca,come,anda,dorme,respira,fala,segura ou solta alguma coisa, abre ou fecha os olhos,considerando que são os sentidos que se relacionam com os objetos.”(V:8,9)

A partir dessa percepção,as praticas de Yoga vão se tornando leves como uma grande brincadeira(Maha Lila). Agir com austeridade e disciplina( Tapas)e importante e relaxar perante aos resultados e necessário(estado de kshanti).

 “Aquele que esta sempre satisfeito com tudo que recebe, que transcendeu aos pares de opostos,liberto de ma vontade, inalterável no sucesso ou na adversidade, mesmo executando suas ações, não fica preso aos resultados advindos a elas.”(IV:22)

A cada dia o nosso corpo esta diferente e devemos aceitar essas mudanças e adequar a pratica de acordo com o nosso estado físico, emocional e mental.

“ O homem não se liberta do fruto de suas ações simplesmente por abster-se de agir, nem tampouco pode conseguir a perfeição pela simples renuncia de seus karmas”.(III:4)

Devemos tomar cuidado também para não acomodar e achar que renunciar as ações e o melhor caminho. E muito mais fácil dizer que o meu corpo não foi feito para tal postura ou que o pranayama e muito forte, ou que não consigo meditar por muito tempo,sem pelo menos tentar e se esforçar. Tudo que esta dentro do Yoga deveria ser utilizado com equilíbrio e temperança. São importantes ferramentas que nos ajudam a nos conectar com a nossa a própria essência.

“ Cumpre,pois, a ação a ti devida, Arjuna,pois a ação e superior a não-acao.Se te entregasse `a não-acao, não poderias nem mesmo prover o sustento do teu corpo”.(III:8)

Essa ação cotidiana e chamada de sadhana;a pratica diária. Essa pratica vai desde do momento que estendo o tapetinho de yoga para fazer a parte física ate o momento que continuo com essa mesma consciência durante todo o dia com boas atitudes, bons pensamentos e compaixão.
A pratica deve ser um momento sagrado, uma oferenda a Brahman que simboliza toda a criação do universo a qual nos também fazemos parte. Atraves dos mantras e exercícios de concentração, vamos nos afastando de pensamentos indesejáveis deixando que aquele momento se torne único.

“ Os yoguis executam seus atos exclusivamente com o corpo,pensamento e intelecto e mesmo com os simples sentidos, sem abrigar qualquer desejo, a fim de purificar o coração.”(V:11)

A pratica e o reflexo de quem somos; não existe certo ou errado, perfeito ou imperfeito, existe aquilo que e verdadeiro. Quando conseguimos perceber isso, nos tornamos pessoas constantementes felizes.

Quem se aplica de coração ao Yoga vê Brahman em todos os seres e todos os seres em Brahman, pois por toda a parte percebe a identidade.”(VI:29)

Namaste! Dany Sa

sábado, 17 de março de 2012

Ta chegando a hora de ir embora...

Mais uma etapa foi cumprida. Está chegando a hora de deixar esta cidade que tanto me acolheu. Foram tantos momentos bons e tantas pessoas especias que eu conheci que não tenho nem como citar todos eles. O Rio Grande do Sul realmente se tornou um lugar especial dentro do meu coração.
Há um pouco mais de dois anos atrás, cheguei em Porto Alegre. Já simpatizava com a cidade antes disso. No Rio de Janeiro já tinha muitos amigos gaúchos. Tinha certeza que teria uma relação boa na cidade apesar de muitos falarem que o povo era bem fechado. Pois é...acho que fui uma exceção...desde do momento que cheguei, fui sempre muito bem recebida. Todos diziam: Dany, se precisar de alguma coisa, prende o grito!
 Através do Yoga, tive a sorte de chegar e herdar muitos horários para dar aula em um escola. Bah! Isso foi muito importante para começar a vida em uma nova cidade. Foi assim que conheci  muito alunos e professores. Muitos convites foram surgindo até que tive a oportunidade de ser sócia em uma escola de yoga e lá desenvolver um trabalho tri-bom!
Amizades verdadeiras começaram a surgir, muitos bate-papos num cafézinho à tarde ou num chima na praça nos dias mais frios.
Aqui conheci lugares lindos como a serra gaúcha e quantos bons momentos tive por lá. Até o litoral  eu me rendi...apesar de até o povo gaúcho não gostar muito do mar chocolatão...mas eu como uma boa carioca resolvi aproveitar o que a cidade oferecia.
Nunca vou esquecer dos passeios no brique aos domingos, dos almoços com os amigos, do pôr-do-sol do Guaíba...não tem igual!  Apesar de não gostar muito de futebol, não tive como não me contagiar com esse povo que torce e grita pelo seu time. Até ao estadio eu fui torcer para um time que muito simpatizo...
Sou grata por ter tido a oportunidade de estar aqui , mas pelo mesmo motivo que me fez vir para cá, chegou a hora de ir. Estou indo para São Paulo com o coração aberto, aceitando as mudanças e vendo o lado bom de tudo isso. Tenho a certeza que a minha missão foi cumprida com muita humildade e muita amor.  Agradeço a todos os guris e gurias que conheci e convivi. Sentirei saudades. Espero poder sempre retornar e relembrar de todos esses bons momentos. Até breve!

Namastê,   Dany Sá