terça-feira, 22 de outubro de 2013

Yoga do oriente e yoga do ocidente? Existe diferença?

                                                              
O yoga é uma filosofia originada na India há mais de 5 mil anos e que cada vez mais vem sendo disseminada por outros povos, paises e  introduzida em outras culturas. Seus conceitos são bem naturais para os indianos, pois ele já nascem tendo acesso a este universo. As escrituras hindus mais antigas são ensinadas e lidas para as crianças que, desde cedo vêem seus pais fazendo puja( oferenda),cantando mantras para seus deuses e meditando. Para o indiano “yoga”ja é espiritual, é seu encontro com Deus e esse Deus está presente em todas as coisas e dentos de cada um.
Ao longo dos anos esta filosofia e estilo de vida foi crescendo e sendo passada de mestre a discípulo sucessivamente até chegar nos dias de hoje. Muitos ocidentais foram para India receber os ensinamentos e muitos mestres começaram a visitar outros paises difundindo mais ainda a cultura.
Se o yoga veio da India e foi passada para ocidente, sera então que existe diferença? Não! Yoga é yoga está em qualquer lugar, pois yoga está dentro de nós. Quem vê esta dualidade, ainda não percebeu o seu real sentido.
O que realmente acontece, é que nascemos em outra cultura e com outros valores. Para entender o seu significado , podem  haver algumas questões e dúvidas no início, pois precisamos quebrar alguns pradrões e condicionamentos já existentes.
A prática do hatha yoga nos ajuda a entender melhor este processo, pois conseguimos acessar em primeiro momento o que temos de mais visível que é o nosso corpo. Através do corpo, vamos adquirindo uma maior consciência, observando melhor nossos processos mentais até chegar aos níveis mais sutis. Este processo de conhecimento pode levar uma vida toda. As transformações internas vão acontecendo gradativamente. Os asanas( posturas) são instrumentos de auto observação muito importantes que vão eliminando as impurezas do nosso corpo e mente para seguirmos no caminho.
Nos Yoga Sutras, uma das obras mais antigas da India, ja se falava da importância deste processo:
 “ yoganganusthanat asuddhiksaye jnnadiptih avivekakhyateh”II.28 .  Com uma prática dedicada nos vários aspectos do yoga, as impurezas vão sendo destruídas e a luz do conhecimento é revelada.
Algumas pessoas que não conhecem o yoga ou são iniciantes neste contexto, podem confundir e achar que yoga é somente prática de asanas ou julgar alguém ou a  prática meramente por uma postura bonita em alguma revista ou mídia. Meu professor Sharath diz:” Oh! Asanas! Se fosse só  pelo físico, seria mais fácil ir para uma academia.” Um asana difícil não qualifica nenhum praticante como um super yogue. O que vai qualifica-lo, é como ele vive o Yoga  através de suas atitudes morais e eticas( yamas e nyamas). Todos os aspectos do yoga estão envolvidos dentro de uma vida yogue.
Por outro lado,devemos lembrar que estas posturas foram e  ainda são realizadas como material de estudo e aprofundamento pessoal. Em algumas escrituras antigas, foram achados desenhos de asanas bem complexos. Krishnamacharya tem várias fotos e registros de muitos asanas e muitos deles bem difícies, assim como seus discipulos, Pattabhi Jois e Iyengar.  Será então que por causa disso, podemos achar que estas posturas não são importantes e que esses mestres não são yogues? Tudo depende da intenção e consciência que é feita e do conhecimento daquele que o realiza.
Pela minha própria experiência como praticante e devota desta filosofia, percebo que como é importante conhecermos as raízes tradicionais. O yoga antigo é o yoga moderno, yoga do oriente é o yoga do ocidente. Não existe diferença, os asanas são os mesmos, os estudos e cânticos são os mesmos.  Tudo vai depender da forma como será passada. Por isso é importante ter uma linhagem e alicerce com base na tradição pura!
Namaste!









segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Segunda semana de aulas e conferência

                                


Já estamos na segunda de semana de aulas. Voltamos então a nossa rotina de prática normal. Ontem, domingo, teve a primeira aula guiada da série intermediária, para aquele alunos que já fazem a série aqui. Depois de mais de 1 semana sem praticá-la e juntando com  a viagem, fusorario... bateu um certo receio... Esta aula nao é fácil, não! Requer muita disciplina e atenção, pois são posturas mais complexas e que o Sharath exige mais permanência e controle. Ufa! Mas a sensação depois de praticá-la, foi maravilhosa e percebi depois que todo esforço valeu a pena!
Na parte da tarde, tivemos conferência com Sharath, isso acontece geralmente todos os domingos. Neste momento, ele fala sobre algum assunto da prática e também é aberto para os alunos fazerem perguntas e tirar dúvidas. É muito bom ouvir suas palavras. Intuitivamente ele acaba tocando em algum assunto que precisamos mais ouvir. No final da conferência,  sempre tenho as respostas e inspirações sem precisar fazer nenhuma pergunta.
Ele iniciou falando que nos dias de hoje, muitas pessoas vem para Mysore para estudar. Tudo isso se deve a seu avô, Sri K.Pattabhi Jois que fundou o Astanga Yoga Nilayam, também chamado de Astanga Yoga Research Institute,  em 1946. Antes disso, o ashtanga yoga não era popular, ninguém sabia o que era ashtanga yoga. Na época tinham 5 ou 6 institutos de Yoga mais conhecidos . Então, Guru Ji trouxe mais conhecimento para os seus alunos sobre o AstangaYoga; os oito passos do yoga. Mas o que significa a palavra “research” neste contexto? Research, que significa pesquisa,é a pesquisa que é feita dentro de cada um, através da prática pessoal. O laboratório de pesquisa não está fora, está dentro de nós. E como começa esta pesquisa? Ela começa através dos asanas( posturas), o asana é o primeiro passo para se atingir estabilidade no corpo e na mente. Por que devemos fazer então tantos asanas? “Porque o caminho não é tão fácil assim, se fosse tão fácil, todos nós ja seriamos pessoas iluminadas!”diz Sharath. O caminho requer muita dedicação e disciplina.
Os asanas para ter o seu real efeito ,devem vir juntos com os yamas e nyamas, que são as condutas éticas do Yoga. Esses três passos são essenciais para trazer alicerce à prática de yoga, que é uma prática espiritual. Através dos asanas, purificamos o corpo e a mente  e assim os outros passos vem automaticamente. Yamas , nyamas , asana e pranayama são práticas externas . Quando estas práticas são feitas com esforço e dedicação dentro de nós : prathyahara, dharana , dhyana e samadhi acontecem naturalmente. O real significado da prática de yoga, o que chamamos de estado de yoga, acontece internamente.  Esse esforço vem através do sadhana, que significa prática diária, mas na verdade significa muito mais do que isso, pois significa prática diária com dedicação, devoção e determinação. Só assim ela se torna verdadeiramente espiritual. Yoga é muita mais que fazer asanas ou ter algum certificado ou graduação. Yoga é auto transformação.  Como buscar esta auto transformação? Buscando ir cada vez mais fundo em sua prática. Ir fundo na prática não significa que você precise fazer asanas dificies, mas sim como este asana tem efeito no seu corpo e mente.  Com a prática diária de asanas vamos conseguindo ter um corpo e mente mais flexivel e saudável.  Se não temos um corpo saudável, como conseguir sentar para se concentrar e meditar? Impossível! A doença é um dos obstáculos da prática.  Os asanas vão purificando o corpo e eliminando as doenças.
Mantendo então a prática continuamente, vamos conseguindo manter o foco, ficando cada vez mais longe das distrações externas.  Com isso, vamos deixando nossa mente mais tranquila, forte e focada para então poder sentar e meditar por mais tempo.  Antes disso acontecer, devemos praticar muito e por um longo periodo de tempo para então conseguir esta estabilidade dentro nós.
Essas foram algumas palavras de sabedoria ouvidas na Conferência que gostaria de compartilhar com vocês Que assim possamos cada vez ir mais na fundo na nossa prática pessoal. Cada um dentrodo seu caminho, buscando a sua auto-transformação e liberdade
E assim sigo a semana praticando e vivendo o Yoga a cada dia! Boa semana para todos!
Namaste!




segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Para quê ter pressa?

                                    

Ontem, dia 06 de outubro, foi a abertura do shala e primeiro dia de aula. Fizemos aula guiada da primeira Série.  Que energia maravilhosa tem a sala de prática. Na hora que todos envocam o mantra não tem como não se arrepiar e junto vem a gratidão de estar ali novamente recebendo os ensinamentos. 
A aula guiada do Sharath é bem precisa e precisamos ter disciplina para acompanhá-la. Devemos estar totalmente atentos. É uma excelente aula para aprender o números de vinyasas de cada postura e buscar um ritmo contínuo de entrar e sair das posturas. Sharath algumas vezes durante a aula diz: Are you in a hurry??? ( voce esta com pressa?) Se referindo aos alunos que vão para próximo movimento sem ele ainda ter dado o comando.  A partir disso me veio esta reflexão: por que será que isso  acontece? Geralmente isso acontece porque a mente se desconecta e sai do momento presente. Percebo isso também quando uma aluno esquece uma postura ou algum vinyasa e ai eu ja pergunto: saiu da prática por alguns instantes, não e? E o aluno dá aquela pequena risada de que eu acertei...
Muitas acham que as séries do ashtanga tem apenas o benefício de purificar o corpo fisico, mas na verdade todas as posturas que fazemos, seguidas dos vinyasas( sincronização com o movimento) são ferramentas essencias para manter a mente estável e alerta.  Este é o primeiro passo, educar a mente para os próximos passos da prática. Como querer fazer pranayama ou meditar se ainda não temos  o controle do corpo, da respiração e das agitações da mente ? Por isso acredito que é importante seguir passo a passo sem querer pular etapas.
É natural do ser humano estar sempre com pressa e ansioso em aprender e conhecer algo a mais. Nos dias de hoje, então, pelo o tanto de informações que recebemos , estamos cada vez mais sem tempo e com pressa.  Sharath diz que os alunos chegam aqui , ele ensina uma postura nova e o aluno ja esta perguntando pela próxima e a proxima....  A postura em si é somente um processo de observação para buscar e entender algo mais profundo. Por isso é importante respeitar o seu tempo. Ao longo desses anos,  fui percebendo que dessa maneira, conseguimos ter mais maturidade e aprendizado na prática. Quanto menos ansiedade temos , melhor as coisas acontecem e isso não só na pratica física, pois todo este processo terá o reflexo em nossas vidas.
Por isso observe durante sua prática esses detalhes tão importantes. Perceba se existe alguma postura que possa te trazer alguma ansiedade e investigue este processo. Um bom exercicio é se colocar numa atitude de consciencia testemunha dos  pensamentos  e sentimentos que possam vir, sem se identificar com eles . Deixe que sua mente mantenha o foco na ação presente.
Quando praticamos com esta intenção, conseguimos buscar algo mais profundo e a sua prática se torna realmente espiritual. A sensação final é de profunda gratidão e plenitude!    
Namaste!





          De volta a Mae India

E aqui estou mais uma vez! Que sensação boa de retorno em tão pouco tempo. Estive aqui neste ano durante o mês de janeiro e fevereiro. Os acontecimentos da vida foram vindo até que eu decidisse fazer mais uma viagem a Mysore.Desta vez irei ficar por mais tempo, serão 2 meses e meio de estudos e práticas intensas.
Antes de viajar sempre fico num período de conflito: ao mesmo tempo querendo ir, mas tambem querendo ficar...
Não é facil deixar as pessoas que amo por muito tempo... Confesso que dá um aperto no coração, mas que logo logo se dissolve quando embarco. Entrego ao universo acreditando que será mais um momento muito importante.
Quando eu estava escrevendo este post,  estava dentro do avião indo para Bangalore... Depois de 10h de viagem Rio/Paris, faltava pouco, exatamente 3:33h. Ufa! É longe, mas não me senti cansada... A alegria e satisfação de poder estar na India de novo e muito gratificante!  
Cheguei 23:45h e dormi em Bangalore. No outro dia a tarde encontrei minha amiga Laura e fomos juntas para Mysore.
Desta vez será bem especial pois estão varios amigos, pessoas queridas e mais brasileiros!
Ja sinto Mysore como a minha segunda casa. Ja conheço todos os arredores e os indianos da cidade me recebem sempre de braços abertos ! Como é bom voltar!
Já fiz meu registro no Shala e esta semana começam as aulas.
Espero poder nesta temporada contar mais novidades e curiosidades desta terrinha tão mágica!
Namaste!